Casa para dois casais, 2013

                     
                      Projeto arquitetônico e estrutural: Andre Eisenlohr
                      Equipe construção: Luciano dos Santos
                      Local: Campos do Jordão, São Paulo, Brasil.
                      Metragem: 2 módulos de 20m2 + decks 20m2



Projetada segundo os princípios da construção sustentável, a casa dois casais foi criada a partir do seu próprio sítio, tirando partido da declividade acentuada do próprio terreno. Implantada entre árvores nativas de Campos do Jordão, SP, a obra teve como o objetivo preservar ao máximo as condições ambientais locais, se camuflando na natureza do entorno, de forma a não ser percebida externamente.

O projeto da casa consiste em dois módulos compactos com 25m2 cada, separados por um deck e duas araucárias. Os módulos possuem duas suítes completas com cozinha integrada e amplas janelas permitindo a entrada de luz e vista para a natureza preservada de um parque florestal. O dimensionamento do programa de necessidades foi reduzido, obtendo a menor área possível de construção.

Sua estrutura foi concebida para que a casa fique solta do solo através de conectores metálicos que ligam os pilares de eucalipto às sapatas de concreto, impedindo que houvesse movimentação de terra durante a fase de construção e protegendo a estrutura da umidade do solo, além de isolar termicamente a casa e permitir que os ventos e a água da chuva façam sua trajetória normal. O estudo de bioclimática garantiu o conforto ambiental da casa evitando a utilização de sistemas compensatórios de climatização.

O sistema construtivo utilizado foi o wood frame, sistema de construção a seco, que tem como característica o baixo índice de condutibilidade térmica com uma montagem rápida, leve e eficiente. A estrutura é composta basicamente de perfis de pinus autoclavado. Internamente, as paredes são de painéis estruturais de OSB, e externamente de taubilhas de pínus reaproveitado e tratado, normalmente usadas como telhas de cobertura. Essa tecnologia construtiva promove de forma geral uma construção muito mais limpa, reduzindo emissões de CO2 em 80% e resíduos de obra em 90%. A casa também fica muito mais confortável atingindo níveis de desempenho térmico-acústico superior ao da alvenaria comum.

As vigas que sustentam o assoalho e cobertura são provenientes de área de manejo sustentável e a madeira do assoalho foi reaproveitado de um antigo galpão industrial desmontado. Todas as sobras de madeiras usadas no processo de construção foram reaproveitadas e transformadas em duas paredes, em forma de “retalhos”. As telhas de cobertura, aplicadas sobre manta de subcobertura, são compostas de fibra vegetal (Onduline), que devido as suas características físicas oferecem um excelente isolamento térmico, durabilidade, praticidade e economia em seu madeiramento. O contraventamento estrutural foi feito com cabos de aço 3/8’ reaproveitados de antigas tirolesas de um parque de aventura e arvorismo situado no mesmo local.

Todas as madeiras utilizadas são provenientes de áreas de reflorestamento, manejo sustentável ou reaproveitamento, garantindo a sustentabilidade do projeto e da construção, além da aparência rústica e mimética que a natureza do entorno propõe. Uma característica importante é que não foram usadas tintas ou vernizes na maioria das peças de madeira, de forma que com o tempo as cores da casa se transformem, ficando do mesmo tom de cores das árvores do entorno.

Para o tratamento de águas negras (esgoto) foi construído um sistema de fossa biodigestora, de modo a obter em adubo orgânico líquido, que é utilizado nas plantas do entorno da casa e de um pomar local com framboesas, amoras, pêssegos e oliveiras. Para o tratamento das águas cinzas (chuveiros e torneiras) foi criada uma vala de evapotranspiração, onde a água é absorvida e filtrada por plantas que crescem em áreas molhadas, como o copo de leite.